Desaquecimento além do previsto na área imobiliária
Entre os primeiros semestres de 2011 e de 2012, caíram 37,2% os lançamentos de imóveis na capital, segundo o sindicato da habitação (Secovi). Os números foram piores do que o esperado e põem em risco a previsão de lançamento de 30 mil unidades, em 2012, próximo da média histórica.
A queda nos lançamentos era previsível, pois as construtoras têm tido mais dificuldades para aprovar projetos e, ao mesmo tempo, concentram a atividade na conclusão de obras iniciadas nos últimos anos, que estão sendo entregues aos compradores. Tendem a ficar para trás os atrasos frequentes em 2010/2011.
Recebendo as unidades, os mutuários substituem as empresas como devedores dos bancos que financiaram a construção. No semestre, o crédito à construção com recursos da poupança diminuiu 27,6%, mas aumentou 23,5% para os mutuários.
Ou seja, os dados sugerem que o interesse dos compradores arrefeceu menos que o das empresas, que estão conseguindo desovar estoques apesar da desaceleração das atividades e da queda global da confiança.
Pelos dados da Embraesp, que pesquisa o mercado imobiliário para o Secovi, as vendas aumentaram 2,6%, na comparação semestral, mas caíram 32% em junho, em relação a junho de 2011. Isso dá uma ideia das dimensões do ajuste. Mesmo empresas de porte tiveram prejuízo ou queda de rentabilidade e preparam com mais cuidado os novos lançamentos. Sazonalmente, as vendas são maiores no segundo semestre.
Segundo o índice Fipe-ZAP de julho, a alta de preços de imóveis em São Paulo ainda é de 18,8% em 12 meses, comparativamente aos 12 meses anteriores, ou seja, o triplo da inflação e acima da correção de salários. Por isso, os compradores têm se voltado para as unidades menores. Até junho, o prazo médio de venda de apartamentos de um dormitório foi de 6 meses, ante 10 meses para os de dois dormitórios e 13 meses para os de quatro dormitórios. Por número de unidades lançadas, predominam as de dois quartos.
A desaceleração imobiliária afeta empresas e consumidores, no curto prazo, mas não necessariamente no longo prazo. Nada seria pior do que o risco de bolha de imóveis, como ocorreu nos Estados Unidos e que se caracteriza pelo aumento da inadimplência - a impossibilidade de pagar as dívidas assumidas, mesmo depois de renegociações de dívida. No Brasil, a inadimplência dos mutuários é muito baixa, mas o risco de bolha será ainda menor com a acomodação em curso no mercado de imóveis.
Fonte: Estadão
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