Desde o começo do ano, órgão recebeu mais de 3.000 chamadas
Sindicato do setor diz que ranking pode ser positivo, mas
deveria excluir reclamações sem fundamento
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
O Procon-SP publicou ontem, pela primeira vez, uma lista com
as dez construtoras campeãs em reclamação em São Paulo. O ranking considerou os
casos em que houve a mediação do Procon, numa lista de mais de 3.000 queixas
recebidas entre 1º de janeiro e 10 deste mês.
A primeira da lista é o Grupo Gafisa, controlador da
Construtora Tenda, que concentra a maior parte das reclamações. O Procon não
informou os dados exclusivos sobre os imóveis da Tenda (veja quadro ao
lado).
Originalmente, a divulgação da lista ocorreria em junho. A
decisão de antecipar a publicação ocorreu ontem, depois que esta Folha
revelou no caderno especial "Casa Própria" a intenção do órgão de defesa do
consumidor de elaborar um ranking.
Segundo o Procon-SP, a lista tem o propósito de ajudar os
investidores na aquisição de imóveis na planta.
"As reclamações sobre atrasos na entrega estão aumentando e
preocupam. Tentamos negociar solução do problema junto às construtoras, mas, se
isso não for possível, as empresas são autuadas pelo abuso", disse o
diretor-executivo do órgão de defesa, Paulo Arthur Góes.
PIORA
A situação em São Paulo é considerada preocupante até pelas
entidades que representam a construção civil. O setor alongou prazo de entrega e
cortou lançamentos.
Os dados do Procon-SP mostram que de 2008 a 2011 o total de
queixas contra atrasos na entrega dos imóveis cresceu mais de 150%. Passou de
1.722, em 2008, para 4.357, em 2011.
Já o número anual de lançamentos residenciais na cidade
cresceu proporcionalmente menos: 11,7%, de cerca 34 mil em 2008 para 38 mil no
ano passado, de acordo com o Secovi, sindicato que representa as
construtoras.
Segundo Góes, a compra de imóvel envolve planejamento
familiar e não pode ser tratada como negócio convencional. Como a redução dos
juros tende a ampliar a procura por imóveis, ele considera que a iniciativa do
ranking pode ajudar os investidores.
Em razão do aumento das reclamações, a defesa do consumidor
tornará recorrente a publicação de listas a partir de queixas de atraso.
O Secovi-SP vê a decisão do Procon-SP com reserva.
"Acho que pode ser positivo, mas é preciso ter critério. Não
raro, há queixa sem fundamento contra uma construtora", afirmou Emílio Kallas,
vice-presidente de incorporações do Secovi.
Outro lado
Empresas dizem que investem para melhorar o atendimento aos clientes
DE SÃO PAULO
As construtoras que lideraram o primeiro ranking das campeãs
de reclamação no Procon-SP disseram que estão fazendo investimentos para reduzir
os problemas gerados aos clientes.
Dizem ainda que as reclamações representam uma fração dos
projetos vendidos e entregues em São Paulo.
Em nota, a Gafisa disse que o problema está na controlada
Tenda. A empresa afirma que tem feito investimentos para solucionar o problema e
que reforçou as comunicações com os clientes a pedido do Procon.
A MRV disse que as 46 reclamações que recebeu representam
apenas 0,0046% do total de clientes. A PDG sustenta que apenas uma parte dos
projetos está atrasada e que vai entregar 31 mil unidades até o fim do ano.
A Brookfield e a Trisul informaram que estão investindo no
atendimento aos clientes.
A Atua e a Living alegaram desconhecer o conteúdo das
reclamações que embasaram o ranking.
A Cury, joint venture entre a Cyrela e a Cury
Empreendimentos, disse que não iria se pronunciar. Os executivos da Nova Delhi e
Capri não foram localizados.
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