O e-mail relatava as ocorrências de um grande lançamento imobiliário na Rua Augusta, em São Paulo, onde as vendas eram de responsabilidade de duas grandes imobiliárias da Capital, uma das quais fiz parte por 8 anos. Incontínuos, mas foi quase uma década!
O e-mail relatava as falcatruas e artimanhas utilizadas em lançamentos deste porte. As mesmas, na maioria das vezes, são orquestradas pelos diretores das grandes imobiliárias. O intuito principal, dizem, é sobressair-se em relação à empresa parceira no lançamento (concorrência indireta), mas sempre respingam dentro da própria instituição (concorrência direta).
O fato é que dentro das grandes imobiliárias, na maioria das vezes, há uma "guerra" velada que determina o poder dos diretores, superintendentes e gerentes dentro da instituição... e quem paga o pato? o corretor honesto, que acredita que só com o trabalho duro levará o leite para casa.
Infelizmente, as coisas não são bem assim.
Há muita politicagem. Há muita malandragem. Há muita má-fé.
Um dos meus diretores do tempo em que eu atuava como gerente de vendas de uma das grandes, sempre dizia que, na luta diária pela sobrevivência, quem vencia não era o mais rápido e nem o mais inteligente, mas sim o mais forte. Conhecendo o mercado de lançamentos imobiliários como eu conheço, sempre entendi essa "força" como algo que acontecia por trás do palco, nos bastidores. A "força" propagada pelo meu ex-diretor era, nada mais, nada menos, que a "força" da influência. Vendia mais quem pagava o preço mais alto, não o que trabalhava mais! E quando falo em "preço", não estou me referindo ao dinheiro propriamente dito. Refiro-me à venda da alma, às alianças (não se sabe a que preço) com o jurídico da imobiliária, com a secretaria de vendas, com quem controla o "espelho de vendas", com os supervisores/coordenadores do produto, com os diretores, superintendentes, e por aí vai...
O que posso dizer de tudo isso? Me sinto pesaroso pelos colegas que, sei, acreditavam que com 4, 5, 6 meses árduos de trabalho, na expectativa do lançamento, colocariam suas vidas em ordem, pagariam as dívidas acumuladas do período, ganhariam fôlego para encarar a próxima batalha etc. e se deram mal... Simplesmente porque o "mais forte" comeu com farinha as suas esperanças, estas dizimadas no fatídico (??) dia do lançamento...
Ao mesmo tempo, sinto-me aliviado... por não fazer mais parte desta loucura... Não que eu tenha me dado mal nas batalhas similares que enfrentei (sempre de consciência limpa, diga-se). Muito pelo contrário! Sempre me saí muito bem do fronte. Às vezes machucado, mas sempre vivo e de cabeça erguida. O que me alivia, de verdade, é não ter que assistir a vitória dos sem ética, dos sem escrúpulos e dos sem vergonha!
Ah, como é doce o sabor da liberdade!!!
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