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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Não há evidências de bolha imobiliária no Brasil, diz estudo

Um estudo realizado pela Bain &Company, intitulado “Risco de bolha ou motor de crescimento?”, chegou à conclusão de que não há evidências de bolha imobiliária no Brasil. O levantamento comparou o Brasil com sete países nos quais houve crise imobiliária (Alemanha, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Irlanda, Portugal e Reino Unido) e constatou que há pontos de atenção, mas não existe formação de bolha.

“Os principais pontos de atenção são o nível atual de comprometimento de renda, que vem se aproximando de uma zona mais crítica, e a valorização dos imóveis, cujos preços cresceram com o dobro da velocidade do crescimento da renda familiar. Ainda assim, a dimensão de bolha que poderia se formar seria pequena, dado o peso relativamente baixo do preço dos imóveis quando comparado renda anual familiar e a baixa penetração de crédito imobiliário como percentual do PIB”, analisa o sócio da Bain & Company e autor da pesquisa, Rodolfo Spielmann.

Indicadores

Em seu estudo, a consultoria acredita que, além da percepção de aumento de preços, diversos outros indicadores devem ser acompanhados para melhor definir a existência ou ausência de uma bolha imobiliária, bem como as potenciais dimensões de seu desenvolvimento e o que serve de gatilho para que ela estoure.

Dentre todos os países estudados, uma característica comum aos que mais sofreram com a crise imobiliária foi a expectativa irreal de valorização contínua dos imóveis. Crença que leva as pessoas a investirem cegamente no mercado imobiliário, forçando a um aumento ainda mais especulativo dos preços e à criação de bolha, visto que descola os preços dos fundamentos da oferta e demanda.

Outro fator relevante para melhor entender os princípios da formação de uma bolha é o crédito imobiliário. Ou melhor, as condições oferecidas para o mesmo, medidas pelo percentual do valor do imóvel que é financiado, conhecido como “Loan to value ratio” ou LTV.

Segundo o levantamento, nos países mais impactados pela recente crise financeira, financiava-se mais de 75% dos valores dos imóveis e, em casos extremos, era possível financiar até 130% do valor do imóvel, o que permitia além do pagamento da propriedade, mobiliá-la, por exemplo. Nos Estados Unidos, em 2007, quase 1/3 dos imóveis novos financiados tinham LTV maior que 90%. Na Irlanda, no mesmo ano, um a cada seis imóveis novos financiados contavam com LTV maior que 95%.

“A nossa análise indica que, em situações nas quais o LTV médio dos empréstimos imobiliários supera 65%, os riscos aumentam significativamente. A partir de 75%, passam a um nível crítico. Nos financiamentos com LTV muito alto, o valor da dívida que o proprietário tem com a instituição financiadora pode ficar maior que o valor do imóvel no eventual caso de uma queda significativa de preços. Isso pode servir à inadimplência e agravar a crise”, diz Spielmann.

Prazos

Além do crescimento do LTV médio de novos financiamentos, nos países que sofreram com bolha, as políticas de crédito eram pouco criteriosas e os produtos tornaram-se excessivos. Para se ter ideia, nos Estados Unidos e Espanha havia a possibilidade de realizar um empréstimo por meio do “interest-only loans”, ou seja, financiamentos nos quais o cliente tomador pagava somente juros, nos primeiros seis meses a dois anos. Outro exemplo foram os chamados “Ninja Loans” oferecidos nos EUA, concedidos a pessoas sem rendimentos mensais comprovados, sem emprego e sem ativos.

No Brasil, por outro lado, avalia o estudo, não existem atualmente créditos imobiliários com carência para pagamento de principal e os processos de concessão de crédito se mostram bastante rigorosos por parte das instituições. Além disso, o LTV médio se encontra na faixa de 64%, o que, apesar de próximo dos 65%, que indicaria atenção, ainda não é, na opinião da consultoria, uma situação crítica.

Acessibilidade

No que diz respeito ao acesso à aquisição de imóveis, a existência de condições excessivamente atrativas para o financiamento imobiliário leva o setor a um movimento especulativo, caracterizado pela escalada dos preços dos imóveis em descompasso com o crescimento da renda por domicílio.

Neste sentido, a análise demonstrou que, internacionalmente, começam a se tornar preocupantes diferenças acima de 30%. Aqueles que passaram por este gap, com exceção do Canadá, tiveram sua crise imobiliária e financeira.

No caso do Brasil, o valor médio dos imóveis cresceu a um ritmo muito superior ao da renda por domicílio, acima do limite definido (108% contra 30%). Ainda sim, diz o estudo, baseado em dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), apesar da forte valorização dos preços dos imóveis, sobretudo quando comparados com o aumento da renda, a proporção do valor médio dos imóveis por salário médio anual no Brasil, continua abaixo do limite de 8 vezes definido como crítico.

Dessa forma, conclui o estudo, o crescimento dos últimos anos resulta de ajustes de nível da demanda e da oferta provocados pelas restrições ao nível da oferta de imóveis e por um maior acesso da população à compra de habitação e ao financiamento imobiliário.

PIB e Renda Familiar

Por fim, para analisar o risco do Brasil de sofrer uma bolha imobiliária, a Bain & Company analisou a penetração do crédito imobiliário no PIB e o nível de comprometimento da renda familiar.

No primeiro caso, a consultoria constata que a penetração do crédito imobiliário no PIB no Brasil é de apenas 6%, enquanto em outros países este valor é bem superior, alcançando 64% na Espanha e 77% nos EUA. Assim, baseado neste indicador, o Brasil ainda teria fôlego para aumentar a penetração do crédito imobiliário, podendo triplicá-la em cinco anos. Nestas condições, o crédito imobiliário teria um grande potencial de impulsionar o crescimento da construção civil e de vários setores da cadeia de valor ligados a ela, acredita a consultoria.

Já quando o assunto é o comprometimento da renda familiar, o estudo indica que este se encontra alto no Brasil, na casa dos 22%. Mesmo assim, ao considerar todos os indicadores, a pesquisa acredita que o Brasil está mais próximo dos países que resistiram à crise, do que dos que sucumbiram a ela.

“Nossa conclusão é que os números do Brasil estão muito mais próximos dos de países que resistiram melhor à crise, como a Alemanha, do que aqueles altamente impactados pela crise, como Espanha, Irlanda e Estados Unidos. No entanto, no Brasil, o alto comprometimento da renda e a recente elevação acelerada dos valores dos imóveis em relação á receita das famílias sugere atenção à evolução desses indicadores”, finaliza Spielmann.

Fonte: InfoMoney

IGP-M acelera alta para 1,5% em setembro, mostra FGV

O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), muito utilizado para o reajuste de contratos de aluguel, subiu 1,5% em setembro, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta sexta-feira. No mês passado, a alta tinha sido de 0,15%. Em setembro do ano passado, a variação tinha sido de 0,97%. 

No acumulado de 2013, a variação é de 3,69%. Em 12 meses, o IGP-M variou 4,40%.

O resultado do IGP-M de setembro mostra que a alta dos preços no atacado continua acelerando, em meio à recente valorização do dólar ante o real, o que aumenta as perspectivas de impacto maior sobre os preços no varejo.

O IGP-M de setembro foi calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 de agosto e 20 deste mês.

Avanço das matérias-primas

Entre os componentes do IGP-M, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede os preços no atacado e responde por 60% do indicador, avançou para 2,11%, ante 0,14% em agosto.

O destaque de alta no IPA veio do estágio inicial da produção, já que o índice de matérias-primas brutas teve elevação de 4,21%, em setembro, ante deflação de 0,74% em agosto. Os principais responsáveis pela aceleração do grupo foram soja (em grão) (-3,77% para 10,78%), minério de ferro (-2,35% para 3,53%) e milho em grão (-6,93% para 1,31%).

Ao mesmo tempo, houve desaceleração nos preços ao produtor em itens como café em grão (0,05% para -4,84%), bovinos (1,15% para 0,93%) e leite in natura (4,02% para 3,81%).

Varejo

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30%, registrou aumento de 0,27%, em setembro, ante 0,09%, em agosto. A principal pressão de alta foi o grupo transportes (-0,24% para 0,09%). Nesta classe de despesa, a FGV destacou o comportamento do item tarifa de ônibus urbano, que saiu de uma queda de 0,80% para elevação de 0,32%.

Entre as demais classes de despesas, houve mudança de direção em alimentação (-0,03% para 0,14%) e vestuário (-0,20% para 0,55%). Aceleraram habitação (0,29% para 0,44%); despesas diversas (0,11% para 0,22%) e saúde e cuidados pessoais (0,39% para 0,43%).

Construção

Por fim, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou, em setembro, acréscimo de 0,43%, acima do resultado de agosto, de 0,31%. Segundo a FGV, o índice relativo a materiais, equipamentos e serviços registrou alta de 0,91%. No mês anterior, a taxa havia sido de 0,63%.

Já índice que representa o custo da mão de obra teve variação nula em setembro. Em agosto, o índice aumentou 0,03%. 

Fonte: UOL

60% do processo de compra de imóvel é feito pela internet

O processo de compra de imóveis, que vai desde pesquisar até a compra efetiva, já é feito 60% pela internet e a tendência é que esse percentual aumente ainda mais, de acordo com a previsão do gerente de Negócios Imobiliários do Google Brasil, Igor Lima, apresentada durante sua palestra no V Encontro Brasileiro dos Corretores de Imóveis e no Congresso do Mercado Imobiliário realizado em Foz do Iguaçu, na semana passada.

Na opinião do executivo, cada vez mais consumidores procuram e compram imóveis pela web. Só no ano passado, entre 30% e 35% das vendas de imóveis foram efetuadas a partir da internet.

Ele conta que esta mudança no comportamento de compra do cliente já foi percebida pelos empresários, mas o setor ainda não se adaptou completamente. Construtoras e incorporadoras ainda não utilizam a internet como ferramenta de atração de clientes, preferindo os meios tradicionais como televisão e impressos. Neste sentido, o gerente do Google Brasil acredita que os corretores de imóveis estão mais antenados com a transformação do mercado, usando mais as redes sociais e ferramentas da internet para auxiliar seu trabalho.

“Os empresários já perceberam que isso mudou. Mas o mercado imobiliário é muito tradicional. Eles vão ter que perceber isso na prática quando afetar os resultados”, dissse Lima. “Os corretores aprenderam muito mais rápido porque estão na ponta do processo lidando diretamente com o cliente. Eles estão vendo que o cliente chega no stand sabendo de tudo.”

O executivo ressalta que, entre cinco ou seis buscas realizadas por brasileiros na internet, apenas cinco são em sites do mercado imobiliário, quatro imóveis são visitados e em somente dois os consumidores ficam interessados, o que significa que "as pessoas buscam muito mais imóveis, mas limitam as visitas.”

Fonte: InfoMoney